Faltam 15 minutos para as duas da manhã. Ela tinha me abandonado, mas não aguentou a distância e voltou. Me ligou com uma voz trêmula, como se pedindo desculpas pela ausência dos dias anteriores. Desculpas aceitas. Minha companheira mais antiga, que me conhece desde menino. Viu todas as minhas fases desde os 12 anos. Pouca gente me conhece como ela, só ela sabe meu desespero e o meu amor.
Já tentei expurgá-la, bani-la, já praguejei seu nome e amaldiçoei seus filhos. Mas não vivo sem ela. Ela me permite estar aqui, ela faz parte de quem eu sou, acho que não posso não tê-la, e na verdade, na sua ausência, sinto uma ponta de saudade. Saudade da solidão que ela me causa, mas que faz meu cérebro funcionar por mais horas. Mais tempo para pensar, mais tempo para amar, e como consequência, mais tempo para sofrer.
Em todas as fases que ela esteve do meu lado, eu fui feliz, pelo menos a maior parte do tempo. Ela foi a escola comigo, viu minhas notas baixas. Foi a faculdade, e até quando mudei de país, levei-a comigo, junto às coisas mais importantes, fotos, lembranças, insônias.
Me acompanhou nas perdas, e nos ganhos, esteve comigo na doença e na saúde. Tenho uma leve impressão que até depois da morte ela vai estar comigo. Não há ninguém como você, ninguém me completa como você, nada esteve tão perto de mim por tanto tempo. Insônia, eu te amo. Mas como todo bom amor, eu te odeio em parte.
Você vale os quinze minutos que estou dando, você vale mais que isso. Mas na verdade, no consciente involuntário, eu quero que você se foda.
A pior parte da insônia é a nóia. Sem sombra de dúvidas.
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