quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Textos sobre os outros sempre são mais fáceis.

Carlos ama Maria. Ama como se a conhecesse a anos, sentiu uma empatia instantânea. Talvez por achar que são parecidos. Talvez por achar ter encontrado a parceira ideal para a sua causticidade. Maria parece não se espantar com o jeito de Carlos. E Carlos amou o jeito de Maria desde o primeiro segundo. Quando a conheceu, não parou de olhá-la. Não conseguia. Apelou para o álcool para tentar mudar o seu foco de atenção. Não conseguiu, mas pelo menos achou ter disfarçado.
Carlos não sabe até hoje como teve a coragem para pedir à Maria o que já queria desde o primeiro dia. E sabe menos ainda como Maria aceitou o seu pedido. Carlos estava ansioso. Sentia uma comichão inexplicável no tórax. Sente como se algo estivesse vivo e se mexendo por dentro. Algo que quer sair, todas as vezes que a encontra. Basta vê-la.
Mesmo sem conhecer Carlos, conto essa história. Eu estava presente. Mesmo não tendo sido notado, talvez essa história seja assim. Talvez, como pensa Maria, as coisas sejam feitas para acabar. Mas ví os olhos de Carlos ao esperar Maria entrar no carro. Ví os olhos de Carlos inertes mirando apenas um ponto. Senti as pernas de Carlos balançarem quando pediu um beijo. Sei do que ele sente sempre que a vê. Sei o que ele pediu quando viu três estrelas cadentes na mesma noite de ano novo apesar de ser incrédulo. E, principalmente. Sei que essa não vai ser a última vez que escreverei sobre essa história.

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